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Os mercados seguem em forte alta, impulsionados pelo alívio em relação aos piores cenários, que acabaram não se concretizando. Donald Trump ameaçou Japão e União Europeia com tarifas de 30%, mas elas ficaram em 15%. No caso da China, chegou-se a cogitar tarifas de até 145%, mas Pequim acabou pagando entre 30% e 50%. No fim, o diabo não era tão feio quanto se pintava. O S&P 500 já subiu 32% desde as mínimas de abril e continua renovando máximas históricas.
O acordo entre EUA e União Europeia foi mais uma evidência da desaceleração nos conflitos comerciais, o que reforçou ainda mais o apetite global por risco. Bruxelas aceitou tarifas de importação de 15%, inclusive sobre veículos exportados aos EUA. Em troca, comprometeu-se a comprar US$ 750 bilhões em produtos energéticos norte-americanos e a investir mais US$ 600 bilhões. Uma excelente notícia para a economia dos EUA e os mercados acionários.
Para os investidores, tarifas fixas de 15% são preferíveis às de 10% com risco de aumentos iminentes. A menor incerteza comercial, aliada aos sólidos lucros corporativos nos EUA, cria ventos favoráveis ao S&P 500. Até agora, 83% das empresas do índice que já divulgaram resultados superaram as estimativas — o maior percentual desde 2021.
Dinâmica das surpresas positivas nos lucros entre as empresas do S&P 500
A economia dos EUA não está em queda abrupta, e a inflação não mostra sinais de aceleração provocada pelas tarifas. O tema da inteligência artificial segue estimulando a expectativa do mercado, impulsionando novos ganhos. O S&P 500 ainda conta com vários fatores favoráveis para continuar sua valorização. Contudo, para manter essa trajetória, o índice precisará enfrentar um calendário cheio de eventos importantes, incluindo balanços corporativos, dados macroeconômicos, disputas comerciais e possíveis novos acordos.
O dia 1º de agosto é o prazo final para os pagamentos relacionados às novas tarifas impostas pelos EUA. Os principais envolvidos já têm conhecimento dos encargos sobre suas importações, e a maioria dos países recebeu os avisos de pagamento. Dessa forma, o pior cenário parece ter ficado para trás — embora não se possa descartar surpresas. A trégua comercial entre EUA e China termina em 12 de agosto; caso não seja renovada, há risco de um novo aumento nas tensões comerciais.
Dinâmica dos lucros do S&P 500
A semana até 1º de agosto traz os balanços de gigantes do mercado, como Microsoft, Meta, Apple e Amazon, que coincidem com dados importantes sobre PIB, inflação e mercado de trabalho dos EUA. A reunião do Fed terá destaque especial. Embora o ING a considere um "não-evento", as crescentes divisões dentro do FOMC podem alimentar especulações sobre cortes de juros e aumentar a demanda pelo S&P 500.
Tecnicamente, o índice está próximo de atingir nosso alvo de alta de 6.450 no gráfico diário. Enquanto o S&P 500 se mantiver acima do nível pivot de 6.325, os compradores permanecem no controle.