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Os mercados de ações dos EUA continuam em alta. A euforia recente é impulsionada por diversos fatores simultâneos: resultados corporativos sólidos, notícias impressionantes da Apple e expectativas cada vez mais realistas de um corte na taxa de juros pelo Fed em setembro.
Segundo dados do CME FedWatch, a probabilidade desse movimento já ultrapassa 93%, após o último relatório de empregos, que novamente ficou abaixo das expectativas do mercado.
Agora, os holofotes se voltam para as guerras comerciais. Desta vez, o presidente dos EUA, Donald Trump, fez uma jogada ousada ao anunciar uma tarifa de 100% sobre semicondutores importados. A medida gerou reações mistas.
Por um lado, para as empresas que estão construindo fábricas nos EUA, trata-se de uma oportunidade aberta para expansão e novos investimentos. A Apple anunciou imediatamente um investimento adicional de 100 bilhões de dólares em fabricantes e fornecedores americanos nos próximos quatro anos. As ações da empresa subiram 3%, somando-se ao salto expressivo de 5,1% registrado na quarta-feira.
Por outro lado, as restrições à importação de chips e a nova tarifa de 25% sobre produtos indianos — em resposta à decisão da Índia de continuar comprando petróleo da Rússia — enviam um sinal claro ao mundo: os EUA estão dispostos a escalar rapidamente a pressão econômica em consonância com seus objetivos geopolíticos.
Essa postura reforça o sentimento protecionista, mas também pode desencadear novas ondas de volatilidade e aumento de preços, tanto no setor de tecnologia quanto em indústrias correlatas.
O momentum positivo também é sustentado pelos resultados trimestrais: a maioria das grandes empresas superou as expectativas, reforçando a confiança na resiliência dos lucros corporativos, mesmo em um ambiente macroeconômico desafiador.
Ainda assim, o tema das novas tarifas impede que os traders relaxem por completo — todos sabem que um único tweet ou declaração inesperada pode derrubar os mercados num piscar de olhos.
Do ponto de vista técnico, os índices dos EUA estão negociando perto de novas máximas históricas. O S&P 500 se aproximou da zona histórica de 6.380–6.420, enquanto o Nasdaq 100 se consolidou acima de 23.400, chegando perto da faixa-chave de 23.600–23.800.
Ambos os índices parecem estar sobrecomprados, segundo vários indicadores (RSI, MACD), mas o momentum persiste: o mercado acredita na combinação de fortes resultados corporativos e na próxima flexibilização da política monetária.
Nos gráficos diários, o S&P 500 apresenta suporte chave na faixa de 6.330-6.340. Enquanto o índice se mantiver acima dessa área, os touros mantêm a vantagem. A zona de resistência mais próxima está entre 6.410 e 6.425. A ruptura dessa resistência abriria caminho para novos alvos históricos em 6.500 e além.
Caso ocorra realização de lucros devido a desapontamento com notícias relacionadas a tarifas, pode haver uma queda acentuada em direção a 6.280 ou níveis inferiores.
Após um forte avanço impulsionado pelo rali da Apple e otimismo no setor de semicondutores, o Nasdaq 100 mostra suporte em 23.200, com resistência acima em 23.600-23.800. Qualquer notícia negativa sobre semicondutores pode rapidamente puxar o índice de volta para a faixa de 22.800-23.000. É importante notar que a amplitude do mercado ainda deixa a desejar: os ganhos são majoritariamente impulsionados por megacaps, e até uma pequena queda nessas líderes pode desencadear uma reversão no mercado mais amplo.
A perspectiva de curto prazo permanece moderadamente otimista: as expectativas de corte na taxa de juros pelo Fed e uma série de resultados positivos, especialmente das grandes empresas de tecnologia, fornecem uma base para o crescimento dos índices rumo a novas máximas.
O S&P 500 pode testar a zona de 6.410-6.425 nos próximos dias, enquanto o Nasdaq 100 pode se aproximar de 23.600-23.800.
No entanto, o mercado tornou-se ainda mais sensível a decisões políticas abruptas e notícias relacionadas ao comércio. Qualquer novo impacto sobre as importações, especialmente no setor de alta tecnologia, pode aumentar significativamente a volatilidade.
Os riscos de reversão também estão crescendo: condições de sobrecompra próximas das máximas históricas e a falta de participação ampla no rali criam um terreno fértil para uma correção rápida de 2% a 4% ao primeiro sinal de problema. Os níveis-chave para realização de lucros no S&P 500 estão em 6.330 e 6.410. Caso esses níveis sejam rompidos para baixo, a pressão vendedora pode se intensificar em direção a 6.280. No caso do Nasdaq 100, é importante acompanhar de perto a faixa entre 23.200 e 23.800.
Em resumo, o mercado permanece em uma fase eufórica, mas está cada vez mais nervoso. Este é um momento que exige decisões rápidas, agilidade e controle constante de risco. Agora não é hora de se apegar às posições: os lucros mais relevantes são obtidos por meio de realizações rápidas e especulação tática baseada em catalisadores corporativos e nas principais notícias.