O principal resultado do discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole não foi a tão esperada apresentação de uma posição atualizada sobre os parâmetros da política monetária, amplamente discutida no mercado, mas sim um sinal mais do que claro sobre a probabilidade de um corte de juros em setembro.

De fato, os investidores já estavam acostumados ao fato de que, desde o final do ano passado, o Fed, por meio de seu presidente, vinha enfatizando de forma consistente que não havia razão para continuar reduzindo os juros diante da inflação elevada — acima da meta de 2% — e da dinâmica relativamente sólida do mercado de trabalho. Na prática, esses dois indicadores macroeconômicos, que servem de principal referência para as decisões do Fed, permitiram a manutenção da política monetária até meados do verão, com a taxa básica mantida em 4,5%.

Mas o cenário mudou de forma significativa após a divulgação do relatório sobre novos empregos e a revisão para baixo dos dados anteriores, que comprometeram a visão até então harmônica de Powell sobre os níveis de juros. A estabilização da inflação ao consumidor, a piora no mercado de trabalho e, ao que tudo indica, a pressão direta de Donald Trump e do secretário do Tesouro, Scott Bessent, desempenharam seu papel. O resultado-chave para os mercados foi o sinal inesperado de um possível corte de 0,25% em setembro.

Isso realmente pegou a todos de surpresa. Nesse contexto, os índices acionários dos EUA dispararam rumo às máximas recentes, enquanto o dólar caiu 1% em questão de instantes frente a uma cesta das principais moedas. A notícia também impulsionou uma forte alta no ouro e aumentou a demanda por criptomoedas. Já o mercado de títulos do Tesouro reagiu com a queda dos rendimentos.

Agora, diante desse novo quadro, os futuros dos fed funds refletem uma probabilidade de 87,3% de corte na taxa básica na reunião de setembro.

O que podemos esperar dos mercados hoje?

Os participantes do mercado se perguntam se vale a pena estender o forte rali de sexta-feira. Acredito que sim, existem chances. As ações podem retomar seu crescimento gradual, o que pode ser ainda mais reforçado nesta sexta-feira com a divulgação do PIB do 2º trimestre, que deve mostrar uma forte recuperação de 3% após a queda de 0,5% no trimestre anterior, e do índice PCE básico trimestral, projetado para recuar de 3,5% para 2,5%.

Esses são dados importantes e, caso atendam ou superem as expectativas, fornecerão mais um sinal aos participantes do mercado de que cortes de juros estão a caminho.

No geral, a perspectiva para o mercado parece moderadamente positiva, com boas chances de continuidade da tendência ampla iniciada na sexta-feira.

Previsão para o dia:

#USDX

O índice do dólar se recuperou parcialmente na segunda-feira devido à cobertura de posições vendidas, mas pode retomar sua tendência de queda, primeiro em direção a 97,50 e depois a 97,00, diante das expectativas de cortes de juros pelo Fed. Um nível de venda pode ser encontrado em torno de 97,73.

AUD/USD

O par retomou seu ímpeto de alta após a recuperação de sexta-feira. Há grandes chances de continuar subindo em direção a 0,6560, após consolidar acima de 0,6500. Um nível de compra pode ser encontrado em torno de 0,6510.