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O euro, a libra e outros ativos de risco subiram acentuadamente em relação ao dólar, que perdeu força após o discurso de Jerome Powell em Jackson Hole.
Na sexta-feira, o presidente do Federal Reserve dos Estados Unidos sinalizou que o banco central provavelmente reduzirá a taxa de juros em setembro, após mantê-la inalterada nos primeiros oito meses do ano. A expectativa reflete a análise contínua dos indicadores econômicos, que apontam sinais de desaceleração da inflação combinada a um crescimento moderado. Os mercados reagiram com entusiasmo, registrando aumento de fluxo para ativos sensíveis às taxas de juros..
No entanto, apesar do otimismo, analistas alertam contra o excesso de confiança. Embora um corte de juros seja provável, ele ainda depende dos próximos indicadores econômicos, em especial os dados de emprego e inflação de agosto. Qualquer desvio em relação às expectativas pode alterar os planos do Fed e impactar o cronograma da redução da taxa. Além disso, o contexto global também pesa: políticas de outros bancos centrais, relações comerciais e fatores geopolíticos podem influenciar significativamente as decisões em Washington. Por isso, traders devem agir com cautela e não se apoiar apenas nas declarações de Powell, mas sim considerar um conjunto mais amplo de informações ao definir suas estratégias.
Powell destacou que o equilíbrio de riscos está mudando e pode exigir ajustes de política, citando os dados inesperadamente fracos de emprego divulgados após a reunião de julho do Fed. Ao mesmo tempo, reforçou que o risco de inflação mais alta permanece, em parte alimentado pelas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump — tema que deve ganhar espaço nas próximas reuniões de política monetária, em 16 e 17 de setembro, tanto sobre o ritmo quanto sobre a necessidade de cortes adicionais.
No simpósio, Powell também apresentou a atualização do arcabouço mais amplo da política monetária, concluindo a revisão iniciada no fim do ano passado. Entre as mudanças, o Fed reverteu diretrizes introduzidas em 2020, adaptando-se aos desafios recentes. Foi abandonada a estratégia de permitir que a inflação ficasse levemente acima da meta de 2% após períodos de baixa, e o conceito de "máximo emprego" foi ajustado: o Banco não dará mais prioridade à insuficiência em sua obtenção, sinalizando um afastamento da prática de aperto monetário preventivo.
No painel de sábado, que reuniu chefes de três grandes bancos centrais, o foco recaiu sobre os desafios da força de trabalho. Kazuo Ueda, do Banco do Japão, citou como caminhos o aumento da participação feminina em empregos de tempo integral e a contratação de mais trabalhadores estrangeiros, em resposta ao envelhecimento populacional. Andrew Bailey, do Banco da Inglaterra, alertou que a combinação de baixa produtividade e participação reduzida da força de trabalho deixou o Reino Unido diante de um "desafio agudo" para elevar seu crescimento potencial. Já Christine Lagarde, presidente do BCE, adotou tom mais otimista, ressaltando a resiliência surpreendente do mercado de trabalho europeu diante de um choque inflacionário histórico e de sucessivos aumentos de juros.
Quadro Técnico – EUR/USD: Os compradores precisam assumir o controle do nível de 1,1740 para mirar um teste em 1,1780. Acima desse ponto, o avanço pode chegar a 1,1830, embora dependa do apoio dos grandes players. O alvo final de alta está em 1,1865. Em caso de queda, espera-se interesse comprador em torno de 1,1700. Se não houver, o mais prudente será aguardar a renovação da mínima em 1,1655 ou buscar entradas longas a partir de 1,1625.
Quadro Técnico – GBP/USD: Para retomar o controle, os compradores da libra precisam romper a resistência em 1,3530. A partir daí, os alvos se concentram em 1,3560 e, mais distante, em 1,3590. No cenário de baixa, os vendedores tentarão reassumir a pressão em 1,3490. A quebra desse nível representaria um golpe significativo para os comprados, podendo levar o par à mínima de 1,3455, com extensão até 1,3425.