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A indústria global de defesa aumenta a demanda por metais

A indústria global de defesa aumenta a demanda por metais

O mundo vive uma nova era de rearmamento. O investimento em defesa está a aumentar de forma significativa, impulsionando a procura por metais críticos. Neste novo cenário, os países da NATO planeiam destinar até 5% do seu PIB para a defesa até 2035 — sendo que 3,5% serão aplicados diretamente na produção de equipamentos e 1,5% em infraestrutura e matérias-primas metálicas essenciais para sistemas militares.

Este novo padrão de gasto — mais centrado em material bélico e logística do que em recursos humanos — exige volumes muito maiores de metais. A procura por alumínio e cobre já atinge níveis próximos dos recordes históricos, com previsões que indicam, até 2030, uma necessidade global da ordem de 1,6 milhão de toneladas de alumínio e 553 mil toneladas de cobre apenas no setor da defesa.

Para se ter uma ideia da escala, a produção mundial atual é estimada em 74 milhões de toneladas de alumínio e 27 milhões de toneladas de cobre. Só em 2024, o setor de defesa dos EUA respondeu por 9,6% da procura nacional de cobre e 7,1% do consumo de alumínio — percentagens que devem subir nos próximos anos.

As plataformas militares são especialmente intensivas em metais. Um único tanque de combate pode conter até 45 toneladas de aço, 1 tonelada de alumínio e meia tonelada de cobre. Já um caça de combate utiliza cerca de 6,5 toneladas de alumínio e quase 400 quilos de cobre. Navios militares, como destróieres ou porta-aviões, podem consumir entre 5 mil e 100 mil toneladas de aço, além de quantidades significativas de alumínio e cobre.

Também os elementos de terras raras (ETRs) são fundamentais para a defesa moderna. Um caça F-35, por exemplo, exige mais de 400 quilos de ETRs, enquanto submarinos de última geração podem necessitar de mais de 4 toneladas.

Estes materiais são cruciais para sistemas de guiamento de mísseis, radares, propulsão e tecnologias de guerra eletrónica. A dependência global da China, que responde por 69% da produção mundial de ETRs e 99% do processamento de terras raras pesadas, tem gerado apreensão, especialmente após restrições chinesas à exportação de gálio, germânio e outros metais estratégicos.

Como resposta, os Estados Unidos lançaram medidas de incentivo à mineração e processamento interno de ETRs, com apoio explícito da Casa Branca à MP Materials, a única produtora de terras raras nos EUA. Na Europa, a União Europeia criou o Fundo SAFE, com um orçamento de 150 mil milhões de euros, para financiar infraestruturas e tecnologias críticas de defesa.

Tanto nos EUA como na Europa, o objetivo é comum: garantir cadeias de abastecimento mais seguras e reduzir a exposição a riscos geopolíticos.

Estudos preliminares apontam que, até 2030, os orçamentos militares globais poderão atingir os 3 biliões de dólares. Diante deste cenário, a grande dúvida é se as cadeias de produção atuais conseguirão responder ao aumento da procura — e ao mesmo tempo cumprir metas estratégicas. O tempo dirá se os países estão verdadeiramente preparados, concluem os especialistas.

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