Paralisação nos EUA pode reduzir o PIB do quarto trimestre em até 2%
Tudo começou como um enredo digno de um thriller sobre falência: o governo dos Estados Unidos decidiu entrar na mais longa pausa de sua história — e, ao que tudo indica, esqueceu como se liga novamente. A Bloomberg estima que essa paralisação está custando à economia americana entre US$ 10 e US$ 30 bilhões por semana.
Oficialmente, o episódio é chamado de “shutdown”. Extraoficialmente, trata-se do momento em que o presidente e o Congresso jogam pôquer com o dinheiro dos contribuintes, enquanto cidadãos comuns ficam em casa se perguntando se ainda receberão seus salários e benefícios sociais até o Natal.
As autoridades garantem que a situação é temporária. Na prática, a história mostra o contrário: os EUA enfrentam seu sétimo shutdown consecutivo, e a cada novo episódio o prejuízo é mais profundo. Segundo Jonathan Millar, do Barclays, as paralisações anteriores não chegaram a causar um colapso. Mas agora, a economia americana não está apenas frágil — ela treme diante do medo da inflação e do desemprego. É como um prédio que já resistiu a dois terremotos e agora aguarda o terceiro.
Para o americano médio, a situação lembra um orçamento doméstico em crise, em que marido e esposa não conseguem chegar a um acordo sobre os gastos — e acabam se punindo cortando a eletricidade um do outro. Funcionários públicos estão sem receber, parques nacionais continuam fechados, controladores de tráfego aéreo estão ausentes, e aviões permanecem parados como carros presos em um engarrafamento. Empresas que dependem de contratos governamentais, por sua vez, rezam por um milagre.
Os números são alarmantes: o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) prevê que o shutdown pode reduzir o crescimento do quarto trimestre em até dois pontos percentuais. Esses 2% representam milhões de pessoas que deixarão de receber os salários dos quais dependem.
O mais impressionante é que o Senado já fracassou catorze vezes em aprovar sequer uma resolução temporária que rompa o impasse. Incrível.
A conclusão é simples: o governo americano mostra ao mundo que, quando a máquina estatal para de funcionar, a economia entra em colapso — lenta, mas inevitavelmente. E ninguém consegue interromper o processo, porque os formuladores de políticas estão ocupados encenando um teatro político.
Esse shutdown é uma odiosa conquista histórica — mas, como sempre, a história é escrita por aqueles que pagam a conta.