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13.05.2025 02:12 PM
A China ajudou o dólar a interromper sua queda

O relatório da CFTC divulgado na sexta-feira mostrou alterações mínimas no posicionamento cambial geral. A posição líquida do dólar frente às principais moedas recuou de forma marginal, passando de –US$ 17,1 bilhões para –US$ 17,2 bilhões. Em meio à elevada incerteza no cenário macroeconômico, os investidores continuam em modo de espera, mantendo o mercado em um equilíbrio instável à espera de novos dados.

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O mercado de futuros continua prevendo três cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve ainda este ano, com apenas ajustes marginais. Houve uma leve alta nas expectativas de inflação após a divulgação de dados secundários do mercado de trabalho — os custos unitários da mão de obra subiram 5,7% no primeiro trimestre, superando tanto os 2% do trimestre anterior quanto a projeção de 5,3%. Isso impulsionou os rendimentos dos TIPS (títulos do Tesouro protegidos contra a inflação) com vencimento em cinco anos.

O relatório de inflação ao consumidor referente a abril será divulgado na terça-feira. As projeções são neutras: tanto o índice cheio quanto o núcleo da inflação devem repetir os níveis do mês anterior. No entanto, esse cenário é cercado de incerteza, já que a economia norte-americana enfrenta forças opostas que podem pressionar a inflação para cima ou para baixo.

Um fator decisivo nesse equilíbrio é o avanço nas negociações tarifárias com a China. Exportadores chineses reduziram significativamente os embarques para os Estados Unidos — por ora, os estoques acumulados são suficientes, mas o tempo está se esgotando. Sem um acordo satisfatório, o risco de uma alta inflacionária será inevitável. Por outro lado, há relatos de que Washington e Pequim estão próximos de um entendimento. As partes teriam acordado uma trégua tarifária de 90 dias, período no qual buscariam um acordo duradouro e equilibrado.

Os mercados reagiram prontamente a esse possível avanço. Na segunda-feira, o dólar se fortaleceu de forma expressiva, sobretudo frente ao iene, tradicional moeda de refúgio. O índice do dólar atingiu o maior nível em um mês, embora ainda permaneça abaixo dos patamares observados antes de 2 de abril.

Nos últimos meses, o dólar foi pressionado pelas ações unilaterais de Donald Trump, que abalaram a confiança na estabilidade do sistema financeiro global. Agora, a onda recente de otimismo favorece os ativos de risco — e o dólar pode ser um dos beneficiados.

A ameaça de recessão nos EUA parece, por ora, suspensa. Os dados recentes não indicam fraqueza significativa, e o modelo GDPNow do Federal Reserve de Atlanta projeta atualmente um crescimento de 2,3% no PIB do segundo trimestre, amenizando os temores após o desempenho fraco dos primeiros três meses do ano. Ainda assim, vale lembrar que os mercados estão reagindo principalmente à expectativa de um alívio nas tensões políticas — expectativas que, até agora, se baseiam em rumores e declarações não oficiais.

O índice S&P 500 teve um salto expressivo na segunda-feira. Se conseguir se manter acima da marca de 5.780 pontos, isso pode levar a uma reavaliação das perspectivas de curto prazo para os ativos de risco.

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De qualquer forma, as expectativas de curto prazo de uma correção no mercado de ações devem ser deixadas de lado, já que a demanda por risco aumenta e provavelmente continuará a crescer, a menos que aconteça algum fato inesperado. Trump provavelmente continuará a seguir seu plano de revisão das tarifas, o que significa que quaisquer atrasos ou acordos preliminares com a China não resolverão as questões centrais. Quando a atual onda de otimismo se dissipar, os mercados poderão retomar seu movimento de queda.

Kuvat Raharjo,
Analytical expert of InstaTrade
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