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30.07.2025 05:59 PM
Os acordos comerciais de Trump não apresentam detalhes suficientes

Está claro que a hesitação da Reserva Federal em cortar as taxas de juros devido aos riscos inflacionários internos é, em parte, justificada pela falta de detalhes substanciais nos acordos comerciais que o presidente Trump concluiu com vários parceiros comerciais importantes. A sequência de anúncios de Trump sobre acordos comerciais até agora carece de especificidade: aspectos-chave ainda estão em negociação, e os parceiros têm enviado sinais contraditórios sobre o que, de fato, foi acordado.

Na semana passada, Trump promoveu acordos históricos com o Japão e a União Europeia, complementando-os com pactos envolvendo diversas economias menores. Ontem mesmo, também foi finalizada uma extensão da trégua tarifária entre os EUA e a China.

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Diante desse cenário, a Casa Branca comemora e atribui o sucesso ao estilo de negociação de Trump. "Acredito que os acordos comerciais estão funcionando muito bem — espero que para todos, mas são extremamente bons para os Estados Unidos", declarou o presidente na terça-feira.

No entanto, embora a dimensão das barreiras tarifárias impostas pelos EUA esteja mais clara, muitos detalhes dos acordos ainda permanecem nebulosos — especialmente as promessas de investimento feitas pelos países parceiros, que, no papel, somam mais de 1 trilhão de dólares apenas nos pactos com a União Europeia e o Japão.

Para diversos economistas, Trump vê essas promessas de capital como evidência de que sua agenda protecionista está cumprindo o objetivo de reindustrializar os Estados Unidos e gerar empregos. Mas, caso os investimentos reais não se concretizem como o esperado, os efeitos das tarifas podem se limitar a aumentar a arrecadação do governo e os custos para consumidores e empresas — sem entregar os resultados mais amplos prometidos.

O acordo com o Japão, por exemplo, prevê um fundo de 550 bilhões de dólares, descrito pelos americanos como um "compromisso de investimento estrangeiro". No entanto, autoridades japonesas indicam que apenas 1% a 2% desse total — no máximo 11 bilhões de dólares — corresponde a investimentos diretos, enquanto o restante seria, na prática, composto por empréstimos. Também esclareceram que a divisão de lucros de 90% para os EUA, destacada pela equipe de Trump, se aplica apenas a essa pequena parcela efetivamente investida.

A União Europeia, por sua vez, prometeu 600 bilhões de dólares em novos investimentos. Contudo, autoridades do bloco afirmam que esse número representa apenas a soma de promessas feitas por empresas individualmente — e que a UE, como instituição, não pode garantir a entrega de um valor específico. Até agora, nenhuma das partes detalhou o que exatamente está incluso nesses compromissos.

A União Europeia também prometeu comprar 750 bilhões de dólares em energia dos Estados Unidos nos próximos três anos — aproximadamente o triplo dos níveis atuais. Alguns economistas argumentam que essa meta pode aumentar a pressão tanto sobre os exportadores americanos quanto sobre os importadores europeus.

Além das tarifas em si, boa parte da recente atividade comercial baseia-se em promessas vagas, envolvendo valores expressivos, mas sem mecanismos de fiscalização. Muitos economistas duvidam que esses compromissos se concretizem conforme o planejado.

Ainda mais nebuloso é o acordo comercial entre os EUA e o Reino Unido. As informações disponíveis sobre esse tratado são escassas, gerando mais dúvidas do que respostas. O acordo segue um modelo semelhante ao assinado com vários outros países — com poucos detalhes e muitos anúncios.

O destino de outros dois grandes parceiros comerciais dos EUA também permanece incerto. Trump minimizou a probabilidade de um acordo com o Canadá, embora o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, tenha refutado essa possibilidade. Nesta semana, tanto o Canadá quanto o México enfrentam a ameaça de novas tarifas — que, no entanto, não seriam aplicadas de forma universal. Produtos que estiverem em conformidade com o acordo comercial USMCA continuarão isentos das tarifas atuais, oferecendo certo alívio a ambos os países.

Quanto à reação no mercado cambial, espera-se que a demanda pelo dólar americano permaneça estável, já que ainda não está claro como todos esses compromissos no papel se materializarão, na prática, no médio prazo.

EUR/USD – Perspectiva técnico: Os compradores precisam recuperar o nível de 1,1580. Somente após essa conquista será possível mirar um teste em 1,1620. A partir daí, um movimento rumo a 1,1635 se torna viável, embora difícil de alcançar sem o suporte de grandes participantes do mercado. O alvo mais distante está em 1,1660. Em caso de queda, espera-se que a atividade compradora retorne em torno de 1,1560. Caso contrário, pode ser mais prudente aguardar um novo teste da mínima em 1,1510 ou considerar a abertura de posições de compras a partir de 1,1480.

GBP/USD – Perspectiva técnica: Os compradores da libra precisam romper a resistência mais próxima em 1,3365. Só então poderão mirar o nível de 1,3385, embora ultrapassá-lo represente um desafio. O alvo mais distante está em 1,3415. Em caso de queda, os vendedores tentarão retomar o controle em 1,3330. Se tiverem êxito, uma quebra dessa faixa representará um golpe importante nas posições de compras e poderá arrastar o par para a mínima em 1,3295, com potencial de atingir 1,3255.

Jakub Novak,
Analytical expert of InstaTrade
© 2007-2025

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